O município de Santa Terezinha tem grandes vultos de esfera nacional, estadual, e municipal, entre eles destaca-se:
João Rodrigues CORIOLANO DE MEDEIROS
No ano de 2019, o município de Santa Terezinha, homenageou pela Lei nº 548/2019, de 09 de dezembro de 2019. criou a biblioteca pública municipal de JOÃO RODRIGUES “CORIOLANO DE MEDEIROS”, pelo seu exemplo e importância para a sociedade paraibana.
João Rodrigues CORIOLANO DE MEDEIROS, de família humilde, Coriolano de Medeiros nasceu a 30 de novembro de 1875, no sítio ‘Várzea das Ovelhas, localizado às margens do Riacho Cipó, no sopé da Borborema, em território do atual município de Santa Terezinha, à época, sobre a jurisdição de Patos, Província da Paraíba. Filho do casal Aquilino Coriolano de Medeiros e Joana Maria da Conceição, pelo lado paterno, era neto do professor Francisco Herculano de Medeiros, primeiro tabelião público e primeiro mestre-escola da Vila de Patos, e, pelo materno, descendia do cearense Cosme Vieira da Silva, patriarca da família ‘Vieira’, no sertão das Espinharas, de quem era bisneto.
Coriolano de Medeiros - década de 1920
Em 1877, sua família oprimida pela terrível seca que assolava o sertão nordestino, transferiu-se para a capital paraibana, onde, pouco tempo depois, faleceu seu genitor, acometido de sezão. Anos mais tarde, sua mãe contraiu novo matrimônio com o senhor Vitorino da Silva Coelho Maia, que, com carinho e apreço, contribuiu fortemente para a formação do pequeno Coriolano, futuro grande homem das letras paraibanas, que embora tenha se consagrado como ‘Coriolano’, “retificava que a grafia correta de seu prenome era CARIOLANO - aliás, era como o chamava seu grande amigo Monsenhor Walfredo Leal - pois procedia do tribuno romano Caio Márcio. Daí, aduzia, Carioles - Cariolano”.
Na antiga cidade de Nossa Senhora das Neves, o jovem Coriolano fez seus estudos básicos. Inicialmente, frequentou uma escola particular, localizada na Praça de Nossa Senhora Mãe dos Homens, regida pela professora Cecília Cordeiro. Seguidamente, foi aluno dos renomados professores Antônio Ribeiro Guimarães e Manoel Fortunato. Em 1891, no Liceu Paraibano, concluiu o antigo curso de preparatórios.
No ano seguinte, aos dezessete anos de idade, matriculou-se na tradicional Faculdade de Direito do Recife, onde cursou até o terceiro ano. Sem vocação para a ciência de Ulpiano, abandonando o curso jurídico, dedicou-se à vida comercial, passando a trabalhar como caixeiro da ‘Tabacaria Peixoto’, fazendo, nessa profissão, “todas as etapas de balconista e comerciante estabelecido”.
Na maturidade, em seu círculo de amigos, Coriolano de Medeiros revelou que seu maior sonho na mocidade era tornar-se médico ou oficial da Marinha. Entretanto, não lastimava o malogro de suas aspirações, chegando a confessar: "não retenho muitas recordações da minha juventude; ela passou por mim, sem que eu percebesse”.
Adolescente, ingressou no mundo das letras, participando, ao lado de Neves Júnior e José Manoel dos Anjos, da redação do periódico ‘A União Tipográfica’, no qual publicou seu primeiro artigo, intitulado ‘Coesão da Classe’, pugnando pela solidariedade entre os tipógrafos. Foi nesse pequeno jornal que Coriolano de Medeiros também estreou como poeta. Ainda na última década do século XIX, por duas vezes tentou ingressar no serviço público e embora tenha conseguido o primeiro lugar nos concurso que submeteu-se - o primeiro para Oficial de Descarga da Alfândega e o segundo, para Postulante dos Correios - foi substituído por outros pretendentes, indicados pela política da época. Por esse tempo, nesse último órgão, coube-lhe algumas substituições eventuais, “quando algum funcionário licenciava-se ou faltava ao serviço”, percebendo a metade do salário do titular do referido respectivo cargo. Trabalhou no comércio e, depois, como funcionário dos Correios e Telégrafos, de 1889 a 1900.
Em 1898, faleceu seu padrasto, cabendo-lhe a responsabilidade total de manter a família. Por esse tempo, abriu uma aula de primeiras letras, na Rua São José, hoje Desembargador Arquimedes Souto Maior. E, por vários anos, manteve-se às custas do magistério particular.
Amante da boa música, era ainda muito moço quando passou a integrar o corpo de instrumentista da ‘Banda do Clube Astréa, na capital paraibana. E, “tal era o prestígio que desfrutava no seio de seus colegas, que a 29 de setembro de 1901, em frente ao Clube Astréa, à Rua Direita, hoje Duque de Caxias, foi homenageado através de uma retreta programada pela própria banda e que figurava no programa a Schottisch denominada ‘Coriolano de Medeiros’, composição do mestre Manuel Maneleu a ele dedicada”.
Entretanto, alegando afazeres particulares, deixou o referido grupo orfeônico. Mas, em 1902, convidado por Eduardo Fernandes e pelos maestros Elias Pompílio e Plácido Cezar, tornou-se membro-fundador do ‘Club Symphonico da Parahyba’, que foi a primeira orquestra sinfônica tabajara.
No dia 29 de julho de 1905, Coriolano de Medeiros desposou a pianista Eulina de Medeiros Rolim - viúva do Dr. Joaquim Gonçalves Rolim, ex-juiz de Cajazeiras - com quem conviveu durante 47 anos “numa ininterrupta felicidade conjugal”. Entretanto, de seu casamento não houve filhos. Em sua residência, costumava organizar saraus artísticos, dos quais participavam várias figuras ilustres da sociedade paraibana.
Em 1909, no Governo João Lopes Machado, foi nomeado escriturário da Escola de Aprendizes Artífices, galgando, em 1922, a direção do referido estabelecimento, cargo no qual se aposentou. De sua autoria, é a letra do hino da referida escola, musicado pelo maestro Severino Gomes e entoado pela primeira em 1925.
Em 1912, associado a várias figuras de prestígio no meio musical paraibano, participou da fundação do ‘Club Musical Guarany’, “associação que se destinava a incentivar a prática e gosto musical da juventude” e que teve como principal entusiasta Otávio Golzio. Nesse mesmo ano, encenou o drama "Como se passa a Festa", representado pela primeira-vez na Praia Formosa, no dia 6 de janeiro.
Em marco de 1917, Coriolano de Medeiros instituiu um curso de matemática, destinado à preparação técnica dos sócios da Associação dos Empregadores do Comércio da Paraíba, que serviu como núcleo formativo da Academia de Comércio ‘Epitácio Pessoa’. Assim, aos 4 de setembro de 1921, na qualidade de presidente do AECP, coube-lhe a honra de dar “ciência à casa da próxima fundação da Academia de Comércio que a Associação pretendia manter”, proferindo, mais tarde, a aula magna quando da instalação da referida instituição educativa.
Homem de reconhecido valor, em 1928, teve seu nome lembrado para ocupar o cargo de Secretário Geral do Estado, no Governo João Pessoa. No entanto, devido à sua ligação política com monsenhor Walfredo Leal - que lhe conseguiu o emprego na Escola de Aprendizes Artífices - foi vetado por Epitácio Pessoa, à época, líder supremo da política paraibana, que em carta ao sobrinho, escrita de Haia, assim justificou-se: "tenho a impressão de que foi sempre nosso adversário e não é de feitio para o cargo; parece melhor deixar onde estava já que não pode ir para a Biblioteca e não há um Instituto Histórico Oficial".
Jornalista de grande escol, considerado o melhor discípulo de Artur Aquiles, participou do corpo redacional de ‘O Comércio’ (1900), onde “escrevia o suelto, a notícia, o artigo de fundo, cuidava da parte financeira, da distribuição e dos problemas pessoais do operariado”. Colaborador d‘A União’, fundou a revista ‘A Filipéia’, hebdomadário “literário, agrícola, político, religioso, científico, artístico, industrial e humanístico”, cujo primeiro número circulou a 2 de julho de 1905, tendo como principais redatores Artur Aquiles, Neves Júnior, Castro Pinto e Francisco Barroso. Nove anos mais tarde, fez circular o ‘Jornal do Comércio’, diário que defendia os interesses das classes produtoras, equidistante dos partidos.
E, durante a histórica campanha de 1915 - que marcou o rompimento entre os senadores Walfredo Leal e Epitácio Pessoa - gerenciou o ‘Diário do Estado’, órgão de propaganda política walfredista, que teve como redatores vários nomes de destaques no cenário político estadual, a exemplo de Antônio Sã, Isidro Gomes, Leonardo Smith, José Américo, Rodrigues de Carvalho, Seráfico Nóbrega Sênior, Heráclito Cavalcante e o cônego Matias Freire.
Durante anos Coriolano manteve-se como professor particular, depois foi nomeado Escriturário da Escola de Aprendizes Artífices (Escola Técnica Federal, hoje CEFET), chegando a exercer sua direção, em 1922, aposentando-se nesse cargo. Professor nato, educador da velha têmpera, secretário das punições justas, lecionou em várias escolas da capital paraibana e exerceu seu ofício até o limite de suas forças físicas, encerrando sua carreira docente no ano de 1948, dando suas últimas aulas na ‘Escola Underwood’, em João Pessoa, iluminado pela luz da inteligência, pois, a essa época, já havia perdido a visão.
De sua genitora, ainda menino, Coriolano de Medeiros ouviu as mais belas e fascinantes histórias, lendas e fatos do sertão paraibano, que despertaram-lhe a vontade de conhecer a região onde nascera. Em 1888, ainda adolescente, visitou a Vila de Patos, oportunidade em que observou e colheu as primeiras impressões, que mais tarde seriam reveladas em seus livros.
Pesquisador incansável da história e das tradições do sertão paraibano, em 1914, através da Imprensa Oficial Estadual, Coriolano de Medeiros lançou a primeira edição do seu ‘Dicionário Corográfico do Estado da Paraíba’, que foi bastante elogiado pela crítica da época e que ainda hoje, constitui-se numa das maiores fontes de pesquisa sobre a terra tabajara e que teve uma segunda tiragem em 1950, patrocinada pelo Ministério da Educação/Departamento de Imprensa Nacional, com introdução de Augusto Mayer, diretor do Instituto Nacional do Livro. Dizia aos seus amigos íntimos, que “perdera a visão no grande esforço que fizera manuseando velhos documentos”, atualizando a referida obra, para sua segunda edição.
Homem sincero, em 1922, numa entrevista a Analice Caldas - que empreendeu uma sugestiva enquete, destacando as figuras da intelectualidade paraibana - Coriolano de Medeiros revelou-se “um cidadão temente a Deus, realizado, desprendido, compreensivo e destituído de ambição”. Feliz e ciumento “o quanto se pode ser”, admitiu também que aspirava ter “a bondade de Cristo e a paciência de Job”.
Educador, jornalista, poeta, ensaísta, historiador, romancista e folclorista, Coriolano de Medeiros deu uma grande e valiosa contribuição à literatura paraibana. Faleceu a 25 de abril de 1974, aos 98 anos de idade, em sua residência localizada à Rua do Sertão, 232, Bairro do Cordão Encarnado, na capital paraibana, onde permaneceu recolhido após perder a visão.
Sócio fundador do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano (1905) e Presidência quando foi eleito para o período 1937/38, do Centro Literário Paraibano, do Instituto de Proteção e Assistência à Infância (1912), da Associação de Homens de Letras, da Universidade Popular da Paraíba e da Academia Paraibana de Letras (onde ocupou a cadeira nº 7 e foi seu primeiro presidente), João Rodrigues Coriolano de Medeiros pertenceu a várias outras instituições culturais do país, na condição de sócio correspondente, a exemplo do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo e de Sergipe, do Centro Polimático de Natal, do Instituto Arqueológico e Geográfico Alagoano e do Centro de Ciências e Letras de Campinas (SP).
Amante da boa leitura, entre os autores estrangeiros, apreciava Balzac, Zola, Camões e Guerra Junqueiro, preferindo José de Alencar, Aluísio de Azevedo, Machado de Assis, Coelho Neto, Castro Alves e Olegário Mariano, entre os nacionais. Frequentemente, fazia referências aos conterrâneos Augusto dos Anjos, Rodrigues de Carvalho, Perilo d'Oliveira e Silvino Olavo, juntando-os a Inácio da Catingueira e Francisco Romano Caluête. Musicólogo por vocação apreciava os seguintes compositores eruditos: Carlos Gomes, Verdi, Charles Gounod e Alberto Nepomuceno.
Preso à sua província, a mais longa viagem empreendia por Coriolano de Medeiros foi a Maceió, para visitar o compadre e confrade Jaime D'alta-Vila. E, “por duas vezes recusou insistentes convites do Interventor Argemiro de Figueiredo, para ir à Holanda, com todas as despesas pagas pelo Estado a fim de coligir documentos para a história da Paraíba”.
Coriolano e sua esposa Eulina Rolim (1916)
Possuidor de uma inteligência ímpar, “Coriolano de Medeiros foi um bom retratista de ambientes, de usos e costumes e deixou um acervo precioso, especialmente no campo da historiografia regional”. Em sua preciosa bibliografia destacam-se os seguintes livros: ‘Diccionário Chorográfico do Estado da Parahyba’ (1914); ‘Do Litoral ao Sertão’ (contos, 1917); ‘Resenha Histórica da Escola de Aprendizes Artífices do Estado da Paraíba do Norte’ (memórias, 1922); ‘O Tesouro da Cega’ (drama, 1922) ‘Maestros Que Se Foram’ (biografias, 1925); ‘O Barracão’ (romance, 1930); ‘Manaíra ou nas Trilhas da Conquista do Sertão’ (novela, 1936); ‘A Evolução Social e Histórica de Patos’ (1938); ‘O Tambiá da Minha Infância’ (memórias, 1942); ‘Sampaio’ (memórias, 1958), além do verbete ‘Estado da Paraíba’, para o ‘Dicionário Histórico, Geográfico e Ethonográgico do Brasil’, publicado pela Imprensa Nacional (Rio, 1922). Deixou ainda valiosa contribuição literária, publicada em vários jornais e revistas - que ascende a mais de três centenas de artigos e estudos - lamentavelmente ainda não reunida em merecidos volumes.
Idealizador e arquiteto da Academia Paraibana de Letras, “seu nome é sem dúvida, o ponto culminante daquela organização cultural”. Sobre sua pessoa, um dos mais importantes depoimentos nos foi legado pelo Cônego Francisco Lima, seu confrade e amigo, que em sessão realizada na Academia Paraibana de Letras, na noite de 30 de novembro de 1965, assim se pronunciou: “É um testemunho de nossa vida histórica e política, de nossas realizações sócio-culturais durante todo o regime republicano e boa parte do recente, apático, frio, mas um temperamento vivo, interessado pela terra e pelo homem, vibrante de civismo nos grandes momentos em que esplende o amor à gleba. Os velhos jornais, as antigas revistas, as veneráveis polianteias dos nossos museus literários assim revelam o Coriolano mestre; o Coriolano historiógrafo se não historiador; o Coriolano beletrista com uma contribuição relevante nos domínios da literatura de ficção; o Coriolano jornalista assinando crônicas de substância e colorido, a que não faltava o chiste, a sátira inocente a personagem e os costumes da cidade”.
Culto e simples, o mestre Coriolano possuía uma visão universalista e soube de forma grandiosa, transmitir às gerações futuras, magníficos tesouros de sua sabedoria. Amigo da mocidade, à semelhança de Sócrates, era um homem sensível às lagrimas e viveu uma vida longa e tranquila.
Paraibano dos mais ilustres, em seu pioneirismo, João Coriolano de Medeiros foi o primeiro musicólogo, o primeiro folclorista, o primeiro ensaísta, o primeiro romancista e o primeiro (e maior) historiador nascido no interior paraibano. No campo da historiografia, ele deixou ensinamentos que projetaram-o como ‘mestre e autorizado intérprete’ dos fatos da história paraibana. E, pela grandeza e dimensão cultural de sua obra, será sempre lembrado como um dos maiores expoentes das letras do Estado. Pois, seu legado fecundo, constitui uma obra imortal, tanto quanto ele.
REFERENCIAS
ALMEIDA, Horácio de. Contribuição para uma bibliografia paraibana. Rio de Janeiro: 1974.
BICHARA, Ivan. Coriolano de Medeiros, In: Revista do Inst. Hist. Geog. Paraibano, Vol. 22, 1979.
BÔTTO, Itapuan. O educador Coriolano de Medeiros. In: Revista do Inst. Hist. Geog. Paraibano, vol. 22, 1979.
BRITO, Higino. Reflexões sobre um historiador. In: Revista do Inst. Hist. Geográfico Paraibano, 1979.
LEITÃO, Deusdedit Vasconcelos. Coriolano de Medeiros-Presença da Paraíba em sua bibliografia. Oficinas gráficas da Escola Industrial da Paraíba, 1966.
MARTINS, Eduardo. Coriolano de Medeiros - notícia bibliográfica, A União, 1975.
NÓBREGA, Humberto. Coriolano de Medeiros-Notas para a sua biografia In: Revista do Inst. Hist. Geog. Paraibano, vol. 22, 1979.
OCTÁVIO, José. Coriolano e a Revista do Instituto Histórico. In: Revista do Inst. Hist. Geog. Paraibano, vol. 22, 1979.
TAVARES, Eurivaldo Caldas. Coriolano, o justo. In: Revista do Inst. Hist. Geog. Paraibano, 1979.
Artigo publicado no jornal ‘A Voz do Povo’, Ano VII, nº 89, Patos-PB, edição de agosto/setembro de 2006
http://construindoahistoriahoje.blogspot.com/2010/08/coriolano-de-medeiros.html
Odilon Nunes de Sá
O município de Santa Terezinha também é conhecida como a Terra do Poeta, Odilon Nunes de Sá, e por este motivo. O município de Santa Terezinha homenageou com uma praça e um busto de corpo, na entrada da cidade. Nascimento: 8 de dezembro de 1900 / Falecimento: 16 de maio de 1997. Poeta, repentista e cantador. Principais obras: Detalhes de um Poeta; Vida, Destino e Sorte; O Silêncio e a Poesia.
Odilon Nunes de Sá, poeta talentoso, Odilon Nunes de Sá foi um dos maiores expressões da poesia popular no Sertão das Espinharas. Nasceu a 8 de dezembro de 1900, no sítio Riacho do Cipó, zona rural do antigo município de Patos, hoje, parte integrante do território de Santa Terezinha, Estado da Paraíba. Foram seus pais Celso Nunes de Sá e Maria Nunes do Espírito Santo. Órfão de pai, aos 13 anos de idade, juntamente com seus cinco irmãos menores, teve que trabalhar para garantir o sustento de sua família.
Menino pobre, não teve muito acesso à escola. O próprio poeta, em notas autobiográficas, afirma: “como criança de poucas condições financeiras, tive que me contentar com o quarto ano primário, cujo grau escolar representava uma grande conquista”.
Sua juventude foi toda vivida no meio rural, trabalhando na agricultura e enfrentando as dificuldades da vida. Contudo, ainda encontrou tempo para aprender a tocar ‘concertina de oito baixos’, tornando-se exímio tocador. Com sua arte, alegrava as noites de seu sertão e ganhava alguns trocados.
Era, em sua mocidade, o maior tocador da região das Espinharas. No entanto, a poesia estava em seu sangue, em suas veias. E, “com o passar dos tempos - dizia o próprio Odilon - senti que era mais fanático pela poesia, dom divino que descobrira desde a infância”. Em 1936, aos 35 anos de idade, Odilon Nunes de Sá passou a exercer as profissões de tocador e cantador, atuando com frequência nas feiras do Sertão das Espinharas. E, logo “entendeu que era mais fanático por poesia”.
Em princípios do ano seguinte, levado pelas dificuldades da vida, transferiu-se para o interior da Bahia, na companhia de sua genitora. Por dois anos, viveu pelos sertões baianos, cantado e tocando para ganhar o ‘pão de cada dia’. Foi por esse tempo que se firmou como cantador, tendo topado um desafio com o famoso Manoel Campina, à época, o melhor cantador daquele Estado nordestino.
Em 1939, Odilon Nunes de Sá estava de volta ao Sertão das Espinharas. Nesse mesmo ano, aos 9 de novembro, contraiu núpcias com a senhora Maria Camboim Nunes de Sá, que foi sua companheira até o final de sua fecunda e produtiva existência. Casado, deixou de lado a ‘concertina’, dividindo seu tempo com as atividades agrícolas e a poesia. Em busca do sucesso, apresentou-se em várias capitais brasileiras, a exemplo de João Pessoa, Natal, Curitiba, Fortaleza, Belém, Salvador e São Paulo, onde participou de diversos congressos de violeiros e festivais de poesia popular.
Em 1954, apresentou-se num festival junino, realizado na sede social do ‘Náutico Esporte Clube’, no Recife, oportunidade em foi aplaudido de pé, por todos os presentes, ao declamar belas composições de sua lavra. Sintonizado com tudo que dizia respeito à poesia popular, esteve presente também de vários eventos festivos, na Paraíba, tendo ainda feito programas na Rádio Tabajara (João Pessoa), Borborema (Campina Grande) e Espinharas, de Patos.
O “Seu Odilon”, como era popularmente conhecido, mostrou que o poeta repentista pode ser, além disso, ator, religioso, cientista, profeta, professor, enfim, de tudo um pouco, sem frequentar qualquer escola ou universidade.
Melhor Idade
Acho graça a mocidade
Não querer envelhecer
Velho ninguém quer ficar
Novo ninguém quer morrer
Sem ser velho ninguém vive
Bom é ser velho e viver.
(Odilon Nunes de Sá)
Sonhei que estava acordado; acordei, estava dormindo
Sonhei que estava acordado;
Acordei, tinha dormido.
Sonhei que tinha caído;
Acordei, estava andando.
Sonhei que estava chorando,
Acordei, estava sorrindo.
Sonhei que estava saindo;
Acordei, tinha chegado.
Sonhei que estava acordado;
Acordei, estava dormindo.
(Odilon Nunes de Sá)
Fontes:
http://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.php?cod=6024&cat=Cordel
http://construindoahistoriahoje.blogspot.com.br/2010/09/odilon-nunes-de-sa.html?m=1
http://www.gentedeopiniao.com.br/imprimir.php?news=42739